Quando começamos não sabemos dos riscos. Os mais velhos
falam, mas nós não damos a devida atenção. Achamos-nos tão espertos, tão
rebeldes. Os amigos usam e recomendam, mas muitas vezes estes mesmo ainda não
se deram conta o quão viciados já estão. Quando já estamos viciados também tentamos
convencer os outros a usar, como se fosse realmente necessário.
Eu comecei cedo, não me lembro ao certo, mas foi no inicio
da adolescência – ou aquilo que achava ser o inicio dela. Naquela época era só
curtição, a vida era fácil. Depois, na preparação pro vestibular, quando os
estudos começaram pra valer, me aproximei dele. Naquela época não fazia ideia do
perigo em que estava me metendo. Mas o fundo do poço veio quando entrei na
faculdade. Não teve mais jeito. Usada no intervalo entre as aulas, antes de
estudar e quando acordava. Se não usasse não prestava atenção na aula, não
prestava atenção em nada. Se não usasse nada funcionava. Na faculdade todos o usam.
Na verdade não sei por que descrevi minha situação como se
fosse passado, isso ainda ocorre. Quando fico sem por mais de metade de um dia
fico tonto, com dor de cabeça, sono e outros sintomas. Ninguém pode me ajudar,
não há um grupo de ajuda para um vício como este. Agora mesmo, enquanto escrevo
este depoimento, estou usando-o.
Por falar nisso, acabou, mas eu preciso de outro. Vou passar
outro café, mas não ofereço-lhes pois não quero expô-los a este mesmo vício que
tenho.
Freakazoid.